India 2 – Bishnupur
Bishnupur é uma aldeia a cerca de 170Km de Calcutá, bem no interior do estado de West Bengal, famosa pelos seus templos em tijolo, tom de barro.
Foi uma viagem longa, pois na Índia, 170Km podem demorar muitas horas a percorrer, e foi o que aconteceu. Demorámos cerca de 5h a chegar a esta aldeia da Índia profunda, longe da confusão, do caos e da agitação de Calcutá. Fiquei ainda assim impressionado com esta viagem, que me deu a noção do quão sobre povoado este país está. Nestes morosos 170Km, não saímos nunca de povoações, aldeias que se sucedem a aldeias, pessoas que caminham ao longo da estrada continuamente, casas, casas e mais casas... A Índia já tem mais de 1 bilião de pessoas e prepara-se para ultrapassar a super-povoada China muito em breve.
A chegada à aldeia é fascinante. Somos recebidos por um edifício com um pequeno arco, uma porta para a aldeia elegantemente trabalhada. O motorista ainda tenta atravessar o arco com o carro, mas passados 10 minutos de indecisão no seu interior decide retroceder. O carro talvez não passe na outra ponta, um pouco mais estreita. Estava incomodado com o facto de não poder passar, e de termos de andar mais de 20 minutos a pé para conhecer todos os templos. Digo-lhe que não tem mal e que até prefiro. Gosto de andar a pé, de sentir estes lugares, estas pessoas e estes ambientes. Lá vamos nós...
O primeiro templo que encontrámos foi Lalji Temple. Um templo solitário e emparedado num campo plano e vazio. Não muito longe encontramos outro, mais aberto e mais bonito.
O meu favorito foi sem dúvida o Jor Bangla Temple ou Kest Rai, mandado construír pelo Rei Raghunath Singha em 1655 AD e bastante bem conservado.
Virhambir é um dos maiores e mais famosos. Trata-se de uma estrutura em pirâmide com a base em colunas que o tornam verdadeiramente interessante. Entre colunas sentimo-nos quase que num labirinto sem quaisquer referências.
Existem muitos outros templos espalhados pela aldeia e por uma área relativamente grande. Alguns bem conservados, outros menos, outros até já só com alguns vestígios.
A aldeia não tem muito mais para ver, mas tem para sentir. A caminhada pelas ruas estreitas, o contacto com estas pessoas, as caras que faziam ao ver pessoas estranhas, num local onde o turismo ainda é insignificante, tornam a experiência muito agradável.
Foram horas para chegar e apenas uma hora para usfruír, mas temos de partir pois temos ainda mais 5h de viagem de regresso. No total foram 10h numa estrada estreita, perigosa e contra velhíssimos autocarros que circulam a velocidades incríveis tanto na faixa deles como dos outros. Não têm qualquer tipo de preocupação para com os restantes, e nós tivémos de saír da estrada por diversas vezes. Ainda assim valeu muito esta visita, esta viagem aos confins da Índia, a paisagens lindíssimas e a uma aldeia, que é apenas mais uma aldeia deste extenso país, mas que acaba por ser especial e de algum encanto.
Pela frente, mais uma boa dose de viagem, mas também de paisagem e de beleza, e assim não custa nada...