Egipto 1 - Cairo I
Deixe que a sua vida seja um exemplo a ser seguido por muitos.
_ Hey Rambo?!
Hum... Quem? Eu? Sempre era para mim... Mesmo não tenho uma fita na cabeça, uma metralhadora a tira-colo, um físico de segurança de discoteca, sabendo falar e não tendo cara de mau... Bom, deve ser dos meus Ray Ban!
Estou em pleno Egipto onde cheguei à quase uma semana em mais uma das minhas viagens patrocinadas. Um pequeno projecto neste grande país com milhares de anos de história. A chegada não poderia ser mais bela. Era noite e sobre o Cairo observavam-se centenas de torres iluminadas em tons de verde. Eram as torres das muitas mesquitas em destaque nesta imensidão de ténues luzes desta grande metrópole com mais de 18 milhões de pessoas. Observo ainda numa das voltas de aproximação à pista uma das pirâmides de face iluminada. Que grande recepção!
Saio do aeroporto e não encontro ninguém à minha espera como era devido. O motorista já tinha ligado e devia estar do lado de fora do terminal. Não o encontro. Ligo, diz que está, mas não me vê... Eu não vejo nada... Ele também não... Depois de muita discussão chegamos à conclusão que ele está no terminal errado. Eu no 1, ele no 3. Começas bem Ahmed!
Sexta-feira, primeiro dia do fim-de-semana no Egipto, combino com o Ahmed que me vá buscar às 10h da manhã. À hora certa lá estou à porta do hotel e nada do Ahmed. Espero um pouco e ligo. Diz-me que chega em 10 minutos, espero 20. Está a ficar tarde e o dia demasiado quente, mas não podia esperar outra coisa.
Seguia montado no meu camelo em direcção às famosas pirâmides de Giza, nos arredores do Cairo. A viagem começa ainda neste tipo de subúrbio onde por coincidência parámos junto a uma loja de um tipo que organiza viagens às pirâmides de camelo e que por coincidência até conhecia o Ahmed. Discutimos o preço, pede 400 libras egípcias, consigo por 200. Serpenteamos pelas ruas de Giza e fugimos da entrada oficial das pirâmides. Estamos cada vez mais longe... Não percebo, ou melhor, percebo... É então que sou abordado por um tipo sentado no passeio e que deve estar a tentar vender alguma coisa. Chamaste-me Rambo?! Já não quero nada contigo!
Entramos por uma porta "não oficial" onde junto com o bilhete vai uma nota de 10 libras e assim conseguimos entrar eu, o miúdo que orienta o camelo, o guia e o seu cavalo.
Mas não fiquei a perder, a entrada não oficial leva ao deserto e a aproximação às pirâmides é feita a partir daí. Mais uma vez amei o deserto, o vazio e o silencio absoluto. Evitámos os caminhos cheios de turistas, de confusão e vendedores. Tudo muito mais tranquilo e natural.
Tenho a pirâmide de Khafre mesmo à minha frente. À direita a de Khufu (Cheops) e à esquerda e mais pequena a de Menkaure. Avistam-se ainda algumas menores. Muitas escavações, ruínas e buracos.
O impacto é grande. Mesmo não não sendo tão impressionantes como o que idealizamos no nosso imaginário, as pirâmides de Giza conseguem ser algo de uma dimensão incrível e verdadeiramente fascinantes.
A excepção vai mesmo para a Esfinge que é de dimensão bastante reduzida pelo menos em comparação com tudo o resto e com as ideias que previamente formamos dela.
Visita terminada, o calor aperta e está mesmo na hora de voltar. Saímos desta vez pela porta oficial o que torna o regresso ao ponto de partida, a pequena lojita, bastante mais curto. Mas não sem ainda contar com alguma emoção à mistura ao ver-me a mim e ao meu camelo sermos quase espalmados entre um autocarros de turistas e uma carrinha estacionada...
O segundo dia de passeio foi dedicado à Citadela, um pequeno complexo localizado numa colina a sudeste da cidade. É composta por 3 mesquitas, uma delas bastante interessante, vários museus e alguns terraços com uma vista priveligiada sobre a cidade. Apanho uma boleia do Ahmed até à entrada e fico por minha conta...
As mais interessantes e acessíveis são as mesquitas de An-Nasir Mohammed que data de 1318 e a grande mesquita de Mohammed Ali bastante mais recente. Onde está o Mohammed? Olha o Mohammed ali!
A vista é impressionante sobre uma das zonas mais antigas e típicas do Cairo.
Terminada a visita, começo então a descer a colina em direcção à Midan Salah ad-Din, uma praça algo interessante pela proximidade às mesquitas de Mahmoud Pasha e Madrassa do Sultão Hassan.
Enveredo então pela rua As Salbiyya, uma pitoresca rua onde se encontra de tudo um pouco e onde se vive verdadeiramente esta atmosfera do Cairo, de modo a chegar à grande mesquita de Ibn Tulun.
A mesquita foi contruída entre 876 e 879 DC e entre muralhas possui uma grande e imponente praça. Ao fundo o minarete, acessível através de uma escada em caracol e de onde se obtém de novo uma vista explêndida.
Finda a visita, mais uma vez hora de regressar que a temperatura já atinge quase os 40ºC.