Quénia 2 – Rift Valley e o Lago Nakuru
"Nem sempre viajei para sul, mas nada vi de tão extraordinário como o sul"
Miguel Sousa Tavares
O dia começou cedo, apesar de ser sábado, e às 7h00 da manhã em ponto lá estava eu, prontinho e na rua à porta do complexo onde estou alojado. O silêncio era apenas interrompido pelo intenso galrear de alguns pássaros que iam animando um céu ainda meio escurecido mas já pronto para o despertar. Um agradável aroma pairava no ar oriundo das queimadas feitas pelos vizinhos ao que restava dos eucaliptos que ontem estavam a ser derrubados na sua propriedade. Uma fresca e simpática manhã, de preparação para um dia que promete ser fantástico.
Não tardou até que chegasse a minha boleia, numa “van” equipada a rigor para um passeio que também o exige. O destino, Rift Valley e um dos seus importantes lagos, o lago Nakuru onde se situa um importante parque natural.
O Rift Valley, é a grande cicatriz de África. Trata-se de um gigantesco vale com milhares de quilómetros de comprimento, que resulta de uma falha deixada pela mãe natureza que há cerca de 8 milhões de anos tentou dividir África em dois. O continente ganhou a batalha, manteve-se unido mas ficou com esta marca que originou esta impressionante paisagem de escarpas, depressões, vulcões e lagos.
Nakuru fica a cerca de 150Km de Nairobi que, nestas andanças Africanas se traduz numa viagem de quase 3 horas. É uma das mais importantes cidades Quenianas, o que não quer dizer que seja uma grande cidade. Na realidade é mais uma pequena vila de interior que cresceu um pouco mais que a conta...
Chegados a Nakuru, deparamos com uma confusão um pouco fora do normal. É sábado e dia de mercado e muitas das ruas estavam cortadas. Serpenteamos pelo meio da multidão, das bancas, carroças, bicicletas e centenas de carrinhas de transporte de passageiros até que ficámos bloqueados num ponto sem saída. Prontamente alguém se aproxima, explica a situação e dá umas dicas. De seguida e muito eficazmente controla a nossa manobra de inversão de marcha que à primeira vista, a mim me parecia uma missão quase impossível no meio de tanta confusão.
Surpreendeu-me de facto e até apreciei a generosidade do senhor. Realmente estes quenianos são muito simpáticos e prestáveis, pensei... Finda a manobra, vejo o motorista tirar uma nota da carteira e entregar ao “gentil” ajudante. Pois, que ingenuidade a minha, estamos em África, onde tudo tem um preço...
O Parque Nacional do Lago Nakuru é famoso pela sua concentração de flamingos, que pintam de rosa grande parte deste lago. Nas suas margens encontra-se também uma grande variedade de mamíferos sendo os mais importantes as Zebras, Antílopes, Rinocerontes e Búfalos. Menos fáceis de encontrar são os Leões, algumas Hienas e Leopardos.
Nakuru é também conhecido como sendo um local onde a probabilidade de avistar Rinocerontes é bastante elevada, e em especial o raro Rinoceronte Branco.
No topo do Baboon Cliff, o penhasco dos babuínos, é possível obter uma visão surpreendente de todo o lago e de grande parte do parque natural.
E algumas girafas também...
O parque possui também um grande número de aves, não tão fáceis de registar. Apenas durante o almoço, num dos lodges existentes no parque foi possível tirar algumas fotografias.
Um percurso por uma emaranhado de trilhos que mostra o melhor lado de Africa. Paisagens lindíssimas e uma vida selgagem impressionante.
Infelizmente, ao lado do melhor de África, está também o pior. A pressão urbana e a poluição ameaçam o lago Nakuru e estão já a provocar graves prejuízos. Ao longo do passeio, foram vários os riachos altamente poluídos que vi a despejarem detritos directamente para o lago. A WWF já alertou para a situação e parece até que já criou um gabinete em Nakuru com o objectivo de resolver a situação. Esperamos que consigam!