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12 octobre 2011

Rússia 1 - Moscovo

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Tinha saudades de me perder no desconhecido...

Talvez por ser num país que esteve durante muito tempo demasiado fechado, talvez pelas latitudes frias e escuras, talvez pela diferente cultura, talvez mesmo até pela distância a que está de nós, Moscovo é daquelas cidades que se tem dificuldade em conseguir imaginar. Supõe-se um daqueles locais sombrios, frios e incógnitos e no final qualquer imagem que queiramos fazer sai sempre desfocada. Mas essa magia acaba por ser muito benéfica e atiça um pouco a maior das nossas gulas, a curiosidade...

Era um dos grandes objectivos, mas que durante anos permaneceu adormecido. Talvez pelas diferentes prioridades ou oportunidades que foram surgindo, ou talvez mesmo pelo meu próprio preconceito em relação ao Norte...

A primeira impressão à chegada não foi má. Depois da Índia, Quénia e Egipto tudo parece limpo e organizado. Não fosse a hora e meia de trânsito até ao hotel e teria ficado logo bastante agradado com toda a recepção.

A Rússia, e Moscovo não é excepção, é um grande desafio. A barreira linguística é enorme e como se não bastasse, existe ainda a agravante de possuírem o alfabeto cirílico, que torna quase impossível a compreensão de tudo e mais alguma coisa. Pelo menos no início.

O primeiro dia começa logo complicado. A primeira operação da manhã, tão simples quanto comprar um bilhete de metro, torna-se num berbicacho. A senhora da bilheteira apenas fala russo e não se mostra disponível para fazer qualquer esforço. Eu queria um bilhete de 20 viagens, faço um gesto para tentar demonstrar o que quero e abro os dedos das duas mãos duas vezes. Ela pega na calculadora, digita e mostra-me: 20. Olho, faço gesto afirmativo. Olho para a maquina registadora e pago! Primeiro desafio, superado!

O segundo não tardou muito a aparecer. Sabia a estação onde tinha de saír e o nome da rua. Não seria difícil se não me estivesse a esquecer de um detalhe importante. O nome das ruas está escrito apenas em cirílico. Vou caminhando, tentando compreender o nome das ruas a muito custo. Até que finalmente aparece e consigo descodificar. Será que acertei? Sim, cerca 300m depois estava no meu destino. Desafio número 2, superado!

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O terceiro viria um pouco mais tarde e no confronto com a máquina de café. Instruções indecifráveis e lá pelo meio encontro: “кофе эспрессо”. Deve ser isto penso, Espresso. Logo a seguir um segundo menu e sou obrigado a pedir ajuda. Era relativo ao tamanho e dose de açucar. Quero tudo o mais normal, e finalmente sai o meu café. Desafio 3, superado!

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E o número de desafios não ficou por aqui. O maior e talvez mais complicado de resolver acabou por acontecer vezes sem conta e tem a ver com o facto de muito poucos restaurantes terem menus em inglês e mesmo alguém que fale a língua universal.

O primeiro dia livre começa cedo e com a verificação de todos os sítios a visitar. Estou em Moscovo e para começar nada melhor que o Kremlin. Entro no metro e sigo... Saída, estação “Biblioteka Imeni Lenina”.


Como sortudo que sou, sou abençoado com um dia lindo de tempo ameno e radioso. Depois de uma semana de tempo escuro e frio, o sábado amanhece solarengo e com temperaturas não muito habituais em Moscovo nesta altura do ano. Perfeito para conhecer e para vaguear pela cidade.


Mesmo à saída da estação planeada fica a Biblioteca Nacional com a estátua de Fiodor Dostoievsy mesmo na entrada.

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Sigo para a zona de entrada no Kremlin. Encontro a bilheteira como que por milagre, nada de inglês e vou para a extensa fila de acesso ao interior do complexo através da Torre da Trindade. Chegada a minha vez, é-me barrada a entrada. Não posso entrar com a mochila ainda que veja senhoras a entrarem com malas maiores. Dirijo-me aos cacifos e reparo nos sinais de proibição de fotografias. Talvez seja uma boa ideia deixar também a câmara uma vez que não a posso usar. Depositados os meus pertences volto à fila e é-me garantido o acesso desta vez. Mal entro no Kremlin, surpresa, toda a gente está na posse de máquinas fotográficas de todos os tamanhos e parece que as fotografias até são permitidas. Do mal o menos, tenho comigo o meu iPhone que funciona como boa alternativa, até em jeito de tributo a Steve Jobs que nos deixou estes dias...

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A Torre da Trindade é a grande entrada do Kremlin e á também um local de importância histórica. Por exemplo foi por aqui que Napoleão teve a sua entrada triunfal em 1812. Lopo após a entrada temos o Arsenal e o Palácio Oficial do Kremlin, ambos de estilos bem distintos.

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Logo a seguir a Igreja dos Doze Apóstolos guardada pelo grande Canhão do Czar, de cerca de 40 toneladas. Logo em frente surgem a famosa Catedral da Assunção e a Torre Sineira de Ivan o Grande...

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Já na parte sul do complexo, o belo e imponente Grande Palácio do Kremlin.

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Gozando de vista previligiada para o Kremlin está a outrora mais bela casa particular de Moscovo, a casa Pashkov. Esta elegante mansão  do séc. XVIII, que pertenceu ao rico capitão Pyotr Pashkov, acolheu em tempos a Biblioteca Lenine.

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Não muito distante, seguindo pelas margens do Rio Moscovo, fica a recém reconstruída Catedral de Cristo o Redentor, um dos projectos de reconstrução mais ambiciosos da cidade. Destruída por ordem de Estaline, foi recentemente recuperada entre 1994 e 1997.

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De regresso à zona central da cidade, e no lado oposto ao Kremlin fica então o grande ícone da cidade de Moscovo e da Rússia, a Catedral de S. Basílio. Encomendada por Ivan o Terrível para comemorar a tomada do reduto Mongol de Kazan em 1552 a Postnik Yakovlev, esta obra é inspirada na arquitectura de madeira tradicional da Rússia. Reza a lenda, que Ivan de tão maravilhado que ficou com o resultado, mandou cegar o arquitecto para impedir que este voltasse a criar algo tão belo.

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A Catedral fica no extremo sul da Praça Vermelha, outro local emblemático da cidade. É de facto impressionante a dimensão desta praça, ladeada pelo GUM, o Kremlin com o Mausoléu de Lenine e no topo norte o Museu da História. A praça carrega séculos de história, que se sente em cada passo que se dá ao atravessá-la.

Foi única a sensação de "Estou na Praça Vermelha"...

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Passando o Museu da História, fica a grande praça Manezhnaya Ploshchad, localização do Hotel Nacional e o grande edifício do Hotel Moskva. É o início do bairro de Tverskay, um dos mais comerciais e boémios da cidade.

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Aqui fica também o Teatro Bolshoi, sede de uma das mais antigas e famosas companhias de bailado do mundo. É também um dos grandes marcos de Moscovo.

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Local interessante para um fim-de-dia é o bairro de Arbatskaya e em especial a famosa rua de Ulitsa Arbat. Este antigo subúrbio Moscovita transformou-se no séc. XVIII numa zona de aristocratas e mais tarde foi ocupada por profissionais, intelectuais e artistas. O ambiente ligado às artes manteve-se até hoje e é uma importante zona de lazer recheada de restaurantes, bares e cafés.

No Arbat antigo são ainda visíveis alguns símbolos do passado, como as casas de madeira pertencentes aos artesãos que ocuparam a área anteriormente. No final de Arbat, fica localizado o Ministério dos Negócios Estrangeiros, um dos arranha-céus de estilo Gótico-Estalinista presentes na cidade, bem ao estilo Soviético.

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A rua Ulitsa Arbat acaba na grande Praça Arbat, onde termina também a zona da Nova Arbat.

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A cidade de Moscovo, grande metrópole, possui uma das maiores e mais funcionais redes de metro do mundo. É também o mais movimentado e por lá passam mais passageiros que no metro de Londes e Nova Iorque juntos.

É também caso único o de poder possuír uma rede de metro que funciona também como atracção turística, pois muitas das suas estações são como que pequenos palácios com luxuosos candelabros esculturas e mosaicos.

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O segundo dia de visita vingou-se do facto de ter passado um dia a considerar-me um grande sortudo pelo fantástico tempo que apanhei, e logo cedo fui presenteado com frio e chuva, que em muito dificultaram o passeio.

Começo na pequena ilha de Bolotny e cedo chego à Praça Bolotnaya, onde fica uma bizarra escultura de Mickail Shemyakin sobre "As crianças vítimas dos vícios dos adultos".

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Na zona ribeirinha da praça, algo verdadeiramente original...

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Vou seguindo sempre junto ao rio, com destino a um dos parques mais famosos de Moscovo. Nesta zona da cidade misturam-se edifício arquitectónicamente muito ricos com antigas fábricas transformadas em modernos e confortáveis edifícios de escritórios, condomínios de luxo e hotéis. Num dos extremos da ilha, a gigantesca estátua de Pedro o Grande.

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"I follow the Moskwa, down to Gorky Park", assim diz a música e é assim literalmente que corre o meu dia. Alguns Kms depois chego finalmente a Gorky Park, um grande parque urbano na margem sul do rio e recentemente recuperado.

Passo o grande portão de acesso ao parque e de repente tudo se transforma. Toda a agitação, todo aquele burburinho citadino como que desaparece subitamente e dá lugar a um lugar de uma calma apaixonante e de uma paz sem igual em toda a cidade.

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Este grande parque de vários hectares possui vários caminhos ladeados de belíssimas árvores, lagos, esplanadas e algumas diversões. As cores outonais dão um toque especial a toda esta paisagem que nos transmite uma energia sensacional e nos dá uma sensação de conforto impressionante.

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Apetece ficar a disfrutar, a sentir, a respirar... Apetece ficar e apetece voltar... E voltar, e voltar...

Atravessando a ponte pedonal, o bairro de Khamovnhi, um pacato e interessante bairro da classe alta Moscovita.

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Termina assim o passeio por Moscovo e pelas zonas mais importantes da cidade. Termina assim a visita a uma das cidades mais interessantes que já conheci, uma das cidades mais fascinantes e que mais prazer me deu na sua descoberta. Da desfocada incógnita inicial já nada resta. Agora, só memórias guardadas naquele local especial...

E Moscovo é linda nas cores de Outono!

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