India 5 - Mumbai I
Foi mais rápido do que pensava este meu regresso à India. Após um ano e um mês da despedida de Calcutá, eis-me de novo de volta à magia da India, mas desta vez em Mumbai, antiga Bombaím.
É para mim um país que me fascina bastante e que desperta sempre um sentimento arrepiante vindo algures do meu interior. É o país dos contrastes, dos opostos e onde todos os extremos convivem lado a lado e partilham este quotidiano deveras especial. É o país do rico e do pobre, do novo e do velho, do limpo e do extremamente sujo, da brutidade e da calma, da violência e da paz de espírito, das cores e do monocromático, do barulho e do silêncio, enfim, do tudo e do nada que estão sempre lado a lado sem quaisquer incompatibilidades. Tudo vive num ritmo frenético e com uma energia inesgotável neste caos de misturas, cores, cheiros, sons e multidões.
A recepção foi lindíssima vista do avião. Notei ao aproximarmo-nos da pista que os bairros que íamos sobrevoando estavam inundados de luz e cor. Era cerca da 1h da manhã e os bairros pareciam gigantescas árvores de natal com luzes brancas, amarelas, laranja, vermelhas e muitas outras cores. Soube mais tarde que se vivia o Diwali, um dos mais importantes festivais da India também conhecido como o festival das luzes.
Fiquei alojado em Navi Mumbai, um subúrbio da grande Mumbai a cerca de 5Km do local onde estou a trabalhar, o Millenium Business Park, mais uma espécie de pseudo-business park indiano onde estão algumas empresas ligadas à tecnologia.
(Clicar nas imagens para ampliar)
O hotel é bastante bom para o padrão indiano ainda que, e não me posso esquecer onde estou, é sempre aplicada a regra de que na India nada funciona na sua plenitude. Dos dois elevadores do hotel, um estava avariado no primeiro dia. Foi reparado e de imediato se avariou o outro... No segundo dia estavam os dois avariados e desde então creio que só por uma vez vi os dois a funcionarem em simultâneo.
A internet do hotel não estava a funcionar quando cheguei e disseram-me que em 5 minutos me dariam o acesso. Esperei até ao dia seguinte e no regresso do trabalho perguntei mais uma vez. De novo mais 5 minutos... Esperei até à manhã seguinte... Logo já há... Não havia! No dia a seguir vinha e ia... Passado uma semana parece que funciona.
A recepção no escritório também não foi menos atribulada. Primeiro o senhor da recepção disse-nos (a mim e a um colega francês) que tinha de nos fazer um cartão temporário de identificação. Perguntou-me o nome, o qual claro está não percebeu, repeti letra por letra, M, A, R, I, O, etc. mas logo a seguir pediu-me para o escrever num papelinho. Escrevi então MARIO BERNARDES em letra maiuscula para melhor percepção... O senhor segue para o computador, tira-me uma fotografia pela webcam e começa a introduzir o nome. Vejo que tem dificuldade em perceber e perde mais de 2 minutos para introduzir o nome. Parece-me também perdido no teclado, mas por fim lá sai da impressora o dito cartão. É-me entregue e ao confirmar se está bem vejo o meu nome: rarrio bermades. Rio-me e sigo para o 3º piso. No dia a seguir percebi o porquê de tanta confusão... Afinal o senhor tinha-se esquecido dos óculos!
Fomos recebidos por um colega da parte administrativa que nos levou para a sala de reuniões, onde ficámos a aguardar que algum dos responsáveis do projecto nos fosse contactar. Esperámos, esperámos, esperámos e quando começámos a ver que a manhã já se ia por completo decidimos ligar ao responsável. Afinal estava de férias e fora do escritório e gentilmente lá se ofereceu para ligar a quem o substituía... Estávamos então esquecidos na sala de reuniões! Quem nos recebeu, fez a parte dele, mas não avisou mais ninguém e como quem nos deveria apresentar o projecto estava de férias significa que ficaríamos eternamente à espera. De fazer lembrar uma certa anedota...
Mumbai
Chegou o primeiro domingo e com ele a primeira visita à cidade de Mumbai. Tramaram-me com o sábado que foi dia de trabalho e sendo assim tive de utilizar o meu dia de descanso para o pouco descanso que é um circuito pelas ruas da cidade.
Uma hora de taxi até ao extremo oposto da cidade e lá estou eu junto à Gateway of India, um dos grandes símbolos da cidade. Pergunto ao taxista quanto é fico surprendido quando me diz 700 Rupias. Mas o taxímetro não marca 240?! Responde que sim, mas mostra-me a tabela de equivalencias... Lembro-me desse detalhe de quando estive em Calcutá. Existe de facto uma tabela que faz a conversão do valor que aparece no taxímetro para o valor real a pagar, mas normalmente dá o dobro. Repito que não pode ser e peço para ver a tabela, que me mostra que na realidade são 450 Rupias. Insisto neste valor ao que o motorista de taxi me responde que são 500 Rupias por causa da portagem. Mas tu não pagaste portagem, insisto! Ok, 450 Rupias!
O Gateway of India é um arco enorme junto ao porto da cidade de estilo Islâmico e foi construído para comemorar a visita do rei George V. É um local de grande afluência de pessoas, pois com os anos tornou-se um dos locais favoritos das famílias para os passeios de fim-de-semana.
Fica localizado bem junto ao famoso Taj Mahal Hotel.
Subindo a Chatrapati Shivali Marg começamos a entrar numa das zonas da cidade mais ricas arquitectonicamente. São visíveis alguns edifícios bastante interessantes como o Royal Bombay Yacht Club, a David Sassoon Library, já na rua Mahatma Gandhi, a Universidade de Mumbai, entre outros.
Pela Veer Nariman Rd temos acesso ao bonito Horniman Circle, uma bonita praça com um pequeno jardim botânico e o Town Hall.
Na praça estavam a fazer as gravações de um anúncio com dois actores conhecidos (na India). Claro que me aproximei para confirmar a teoria de que na India mulheres bonitas só as da televisão... E é verdade mesmo! Passei então de turista fotógrafo a Paparazzi.
Já a caminho do Oval Maiden, um grande parque no interior da cidade, é possível observar mais alguns edifícios interessantes.
É sabido que o cricket é o desporto nacional da India e que é jogado um pouco por todo o lado, em especial aos fins-de-semana, onde os grupos de amigos se juntam em tudo quanto são praças ou parques para jogar. E porque não experimentar?!
No Oval Maiden, o parque que não é oval, que é que estão a fazer?
É daqui que se obtém também uma boa vista sobre a totalidade do High Court(foto anterior).
O final da Veer Nariman Rd encontra a Marine Dr, a famosa avenida marginal de Mumbai em torno da Back Bay. É uma bonita baía com um agradável passeio sempre junto ao mar que nos leva até à praia de Chowpatty, no topo norte e o único local com areia. Infelizmente e dados os elevados índices de poluição da baía, a brisa é algo desagradável e torna o passeio um pouco menos aprazível.
Escusado será dizer que os banhos estão proibidos, pois a água é altamente tóxica.
A praia é também um local de convívio para as gentes locais que aqui se juntam aos fins-de-semana para descansar e atacarem alguns pratos típicos nos muitos restaurantes instalados na praia.
Sobra algum tempo para visitar ainda o bairro vizinho de Kotachiwadi, um local bastante típico e onde se sente a verdadeira cultura indiana. Basta encontrar a St Teresa's Church e lá está...
E o regresso a Navi Mumbai, com mais uma hora de trânsito e caos...