Chile 1 - Santiago
Ainda mal recomposto da viagem à Namíbia e já surgiu um pedido de suporte para um projecto no Chile de grande importância. Não posso recusar e ainda mais sendo um dos países que tinha em lista de espera.
Malas à pressa, pois mais uma vez foi tudo planeado com 3 dias de antecedência (mas bom, sempre foram 2 dias a mais do que para a Namíbia), e lá vim eu, com escala em S. Paulo e destino final Santiago. O vôo sai com um enorme atraso e claro, lá se vai o vôo de ligação. Mais 3 horas de espera em São Paulo para somar às 15h de viagem previstas...
Os primeiros dias foram dedicados exclusivamente ao projecto e não
houve qualquer possibilidade de conhecer a cidade com alguma excepção
para pequenos passeios pela zona onde estou. O primeiro impacto foi
muito positivo, a cidade está muito bem organizada, limpa e é bastante
simpática. As ruas vivem uma enorme animação a todas as horas. Gostei
dos espaços, das pessoas e da vida em si.
Ainda assim há coisas que me fazem lembrar que não estou na Europa. Uma delas, as minhas aventuras com o autocarro 117.
Os escritórios onde estou a trabalhar ficam na chamada Ciudad Empresarial,
um parque bastante grande de empresas a alguns Kms de onde estou a
residir. Por ser uma zona recente, os transportes públicos ainda não
estão bem adaptados e a rede de metro não chega lá.
No primeiro dia, na segunda-feira passada, tive a possibilidade de ir
com uma pessoa da empresa o que facilitou o acesso. Para o regresso,
aprendi com um colega que existia uma nova linha de autocarros a fazer
o trajecto entre a zona onde residimos e a zona onde trabalhamos, a
linha 117. Acabámos por vir juntos até à zona de Providência.
No dia seguinte, Terça, recorri ao taxi dado estar mais apertado de
tempo, e ainda não ter comprado o cartão recarregável para os bilhetes.
Até aí, tudo tranquilo para as viagens...
Na quarta adquiri então o cartão, já recarregado e decidi ir procurar a
paragem do 117. Rua abaixo, rua acima, algumas perpendiculares, e nada.
Em todas as paragens estão assinalados bastantes autocarros mas nada de
117. Acho estranho, ainda mais por vez alguns a subir a rua, no sentido
oposto ao que queria, mas nenhum a descer. Ao fim de mais de 30 minutos
de procura desisto e mais uma vez vou de taxi.
Falo com o meu colega e afinal o autocarro tem um trajecto circular, ou
seja, passa apenas num dos sentido que é o mesmo para ir e voltar...
Quinta feira, saio de casa e lá me dirijo para a rua no sentido oposto para procurar a paragem correspondente. Rua abaixo, rua acima e nenhuma menciona o 117. Arrisco numa delas, onde me pareceu ter saído num dos dias antes e lá fico à espera. Vem o 117, passa e não pára. Bolas, não é aqui. Mas bom, se não é aqui é na seguinte. Mudo-me para a paragem seguinte, a cerca de 100m. Espero mais uns 15 minutos e vem o próximo 117. Não pára mais uma vez. Acho estranho e desisto novamente. Não posso esperar mais 15 minutos... Taxi!!!
Nessa noite decorei então qual a paragem exacta onde desci, para que no dia seguinte não houvessem confusões. Afinal como a linha é nova não está referenciada em nenhuma das paragens. E lá fui eu na Sexta-feira para a tal paragem que havia decorado a pensar que há terceira seria de vez. Já não havia espaço para dúvidas. Vem o 117 e... Não pára! O condutor faz sinal que é mais acima. Estranho!!! Mas lá vou eu com outro passageiro que também pretendia apanhar o mesmo autocarro. Vejo o 117 a parar na próxima paragem mas já não vou a tempo e só me resta a hipótese de esperar pelo próximo... Cerca de 15 minutos depois lá surge ele no início da rua e... Parou na paragem onde eu estava antes... Para piorar, não parou na minha. Estão a gozar comigo! Afinal o problema não é de mim... Não posso esperar mais 15 minutos... De novo, Taxi!
Bom, a saga ainda não acabou, pois haverá mais um episódio amanhã...
Finda a semana, tenho então tempo para conhecer a cidade. Recorro ao guia do costume, faço um plano do que pretendo ver, e no sábado de manhã meto pernas ao caminho. A melhor forma para mim de conhecer as cidade é andando a pé e sentindo os sítios e as multidões. Evito por isso o recurso ao metro, pelo menos para ir até aos locais que pretendo, a poucos Kms de Providência. Na volta, já será uma hipótese.
Santiago é uma cidade com pouco para ver mas muito para viver. Não é uma cidade muito bonita nem repleta de edifícios de interesse, mas é uma cidade onde apetece estar, absorver e saborear os espaços, a cultura e as pessoas. É uma cidade enorme, com mais de 5 milhões de habitantes, mas muito à minha medida e ao meu género. Sou uma pessoa muito urbana, gosto de cidades grandes, com muita gente e de me sentir parte das grandes multidões. Gosto do corropio, da azáfama e da energia que estas cidade emanam...
Tenho sorte com o dia, que está bonito e que contrasta com os anteriores, mais escuros e mais frios.
Desço toda a Avenida Providência até chegar à grande praça Baquedano, início da Av. O'Higgins que me levará ao centro da cidade.
Bolas! Perdi este evento! :-)
A Av. O'Higgins é mais rica arquitectonicamente, e apresenta alguns edifícios mais interessantes.
Serpenteando pelas ruas do centro vão-se encontrando boas surpresas.
Paragem obrigatória é a Plaza de Armas, um ampla praça rodeada de bonitos edifícios dos quais se destaca a Catedral Metropolitana.
Ligeiramente a norte, mais alguns bonitos edifícios.
Ainda a Plaza de La Constitución com o Palácio La Moneda.
Não muito longe do centro fica o famoso bairro Bellavista, uma zona boémia e de concentração de artistas. Da Bellavista pode-se apanhar o assustador Funicular para o Terraza Bellavista e a Virgen de la Inmaculada Concepción, localizados no Cerro San Cristóbal e de onde se obtém uma vista fantástica sobre toda a cidade.
Agora digam lá que a vista do meu apartamento não é fantastica?