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1 mai 2009

Camboja 9 - O País Que Não Me Queria Deixar Partir

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Chegou ao fim a minha participação neste projecto no Camboja. O vôo de regresso estava marcado para o último dia útil da semana, a sexta-feira às 20h25. O dia foi passado a trabalhar e a finalizar algumas tarefas. Já tinha tudo controlado, saíria às 16h, iria até ao hotel para terminar de arrumar o resto da bagagem e fazer o check out, até às 17h. Seguidamente teria ainda de passar pelo escritório da empresa para algumas despedidas e para deixar o cartão SIM do telefone (estava a trabalhar nos escritórios do cliente), esperando ter tudo terminado por volta das 18h, podendo-me dirigir então para o aeroporto onde poderia chegar até às 19h30. Tempo mais que suficiente e com grandes tolerâncias.

Fora do previsto estava a grande tempestade que se abateu sobre a cidade ao início da tarde. Uma forte trovoada acompanhada de chuvas torrenciais, bem ao jeito da monsão que ainda não chegou. Em tom de bincadeira, os meus colegas iam-me avisando que o melhor seria ficar por lá e que muito provavelmente o avião não poderia descolar... Respondi-lhes sempre que já tinha saído do Camboja em condições mais adversas e que não haveriam problemas...

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Às 16h e poucos minutos, após as difíceis despedidas lá deixava eu o escritório. O motorista lá me esperava, mas, ao saír do escritório a grande surpresa. A rua estava completamente alagada e era impossível chegar ao carro. Após várias manobras e a aproximação o mais possível da parte do passeio com menos água, lá consegui saltar para dentro do carro.

Circulando por ruas alagadas lá nos dirigimos ao hotel, cuja rua estava ainda mais alagada e com uma altura de água muito superior. O motorista diz que não pode chegar mais perto e estaciona a cerca de 30m da entrada. Peço-lhe que tente ir o mais proximo possivel, pois não posso caminhar dentro de água. Responde que não consegue e não tenho outro remédio. Lá tiro os ténis, arregaço as calças e mete-me à água. Vou descalço pelo passeio com água pelos tornozelos. Ao entrar todos se riem e comentam o estado da rua.

Termino de empacotar toda a bagagem e desço ao rés-do-chão para o check-out. Ao saír do elevador surge uma preocupação. O nível da água está bem mais elevado. Terminamos as contas e lá de dirijo de volta ao carro descalço pelo meio da água. Felizmente tive ajuda para a mala maior.

O motorista diz que não pode seguir por aquela rua e tenta uma outra. Ainda são 17h e temos bastante tempo. Ao tentarmos entrar na Boulevard Preah Norodom constatamos que o transito se encontra parado, numa extensa fila. Pelo facto de muitas ruas se encontrarem alagadas o trânsito dirige-se para as poucas avenidas livres das inundações, como esta que queríamos apanhar, congestionando-as fortemente.

Meia volta e tentamos apanhar a avenida marginal, junto ao rio. Mais uma fila demorada causada por algumas obras e seguimos. Sinto o nervoso miudinho desta minha ansiosidade pré-viagem a invadir-me o corpo. Olho para o relógio e ainda temos muito tempo...

A cerca de 1Km do escritório, o nosso próximo destino somos apanhados de novo numa fila de trânsito. Esperamos, esperamos, esperamos e não saímos da mesma posição. Começo então a sentir o nervosismo a crescer. Ainda há tempo, mas o facto de a fila não se mexer há mais de 30 minutos deixa preocupações. Aproximam-se as 18h de decido deixar o carro e ir ao pé para adiantar as despedidas. Dou ordem ao motorista para que continue a dirigir-se para lá para depois me apanhar.

Deixo o veículo e sigo a pé pelo meio da rua. Nesta zona os passeios estão muito enlameados e é preferível circular no meio das faixas de rodagem. Além do mais o trânsito está todo parado. Ao chegar ao fim, a rua está totalmente inundada e não consigo passar. Não devo molhar os ténis, pois vou passar quase 20h em viagem e será muito desconfortável fazê-la com os pés molhados. Volto atrás e tento encontrar alternativas. Vou por uma paralela, entro na rua pretendida, mas mais à frente sou de novo bloqueado. Não tenho mais hipóteses de passagem. Tento ligar ao motorista para saber onde está, sem sucesso. Com todas estas filas é impossível aceder à rede que se encontra completamente congestionada. Faço várias tentativas e todas elas frustradas. Olho para o relógio, o tempo continua a passar e já passa um pouco das 18h. Decido esperar um pouco e recebo uma chamada do motorista que diz que continua bloqueado no mesmo sítio e que não vamos conseguir chegar ao aeroporto. Mais nervoso a invadir-me...

Opto então por ir de Tuk-tuk para o aeroporto e tentar alterar o bilhete para mais tarde. Toda a bagagem está no carro que ainda se encontra longe. Apanho o Tuk-tuk e lá vamos nós. De repente penso que nunca terei sucesso. Tenho o passaporte junto da bagagem no carro e nunca me farão a alteração do bilhete sem este documento. Peço para parar. Saio e tento apanhar uma moto-taxi, uma das pequenas motoretas que circulam pela cidade. Uma pára e pergunto se consegue chegar mesmo com a inundação e o trânsito parado ao meu escritório. Diz que sim. Monto e lá vamos. Ao chegarmos ao cruzamento alagado tudo continua no caos. O motorista da moto-taxi vai tentando circular por entre os veículos mas a certo ponto desiste. É impossível. Eu não tenho outra solução. Desmonto na parte seca, tiro os ténis mais uma vez e corro pelo meio da rua. Não consigo encontrar o motorista nem ligar. Fico completamente em stress.

Entro no escritório que já tinha muito poucas pessoas. Não dá para despedir de ninguém e já só quero ligar ao motorista através da rede fixa de deverá estar operacional. Consigo fazer a ligação e ele diz-me que andou um pouco e dá-me a sua nova localização. Corro de novo para a rua e consigo encontrá-lo no meio de todo aquele caos após andar um pouco para trás e para a frente... Diz-me que não temos hipótese. Digo-lhe que não desisto, tiro toda a bagagem do carro e corro pelo meio do trânsito, pelo meio das ruas alagadas com toda a minha bagagem. Chego por fim à parte seca. Calço-me e corro para a avenida que se dirige ao aeroporto, até saír de toda aquela confusão. Encontro um Tuk-tuk livre e pergunto-lhe quanto me cobra para me levar ao aeroporto e se consegue chegar lá em 30 minutos. O condutor apercebe-se do meu desespero e pede uma exorbitância, 10 dólares. Ofereço-lhe 5 e ele não se mostra flexível. Sabe que estou em aflição. Cedo eu, pois só quero lá chegar qualquer que seja o custo. Dirigimo-nos ao aeroporto, são 19h e tenho apenas 30 minutos. Em condições normais é esse o tempo.

A avenida está desimpedida, com algum trânsito mas fluído. Relaxo um pouco e renascem as esperanças. É então que dou pelo meu estado. A t-shirt está molhada pela chuva e pela transpiração, estou sujo e cansado. Não me interessa, apenas quero chegar.

De repente tudo se volta a complicar. O trânsito pára. Volta o nervoso e a aflição. Andamos um pouco e apercebo-me que os semáforos estão avariados. Não podia ser pior, nada corre bem...

Perdemos muito tempo e andamos muito devagar. Vou controlando o tempo que vejo fugir a grande velocidade. Chegam as 19h30, chegam as 19h45 e finalmente começamos a andar... As minhas esperanças apesar de ténues ainda existem e acredito até ao fim. O Tuk-tuk corre à sua velocidade máxima pela Av Confederation de la Russie, o principal acesso ao aeroporto.

Chegamos então por fim. Deixa-me nas partidas, saio, pago e corro para o interior. O check-in, logo ali em frente... Olho com esperança... Está aberto, consegui! Olho para o relógio, são 20h. Consegui!!!

Mais algumas pessoas chegam vítimas também do caos neste dia. Phnom Penh é uma cidade calma e estas situações não são nada normais.

Já estou dentro do avião e tenho tempo para pensar e essencialmente para relaxar. Vem-me mais uma vez à memória o meu "consegui". Chega ao fim a minha estadia no Camboja e chega ao fim este grande pesadelo para apanhar o vôo de regresso. O Camboja é um país fantástico e muito especial que me deixa recordações maravilhosas. É um país com uma grande energia e com um grande poder. Poder esse que não me queria deixar partir...

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