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10 février 2009

Camboja 5 - Sihanoukville; Porque há fins de semana assim!

Costuma-se dizer que "quem vai para o mar, avia-se me terra!". Pois bem, agora que chegou a altura de ir ao mar é que tomei consciencia da quantidade de coisas que ficaram para trás, em terras lusitanas. Faltam os calções de banho, chinelos de praia/sandálias, equipamento de snorkling e o marine pack para a máquina fotográfica. Se a falta de uns se consegue remediar, já a de outros não é assim tão simples, e em especial os calções de banho. Durante a semana ainda visitei algumas lojas de desporto à procura de calções que fossem minimamente ao meu gosto. Difícil a escolha... Os únicos que considerei aceitáveis não existiam claro, para o meu tamanho. O máximo era o tamanho normal Cambojano ou seja "S". Segui então o conselho de procurar melhor em Sihanoukville, sempre é uma cidade na costa e deve estar melhor apetrechada com uma oferta mais alargada.

Sábado de manhã, lá me levantei bem cedo para apanhar o primeiro autocarro de Phnom Penh para Sihanoukville, a cidade costeira a cerca de 250Km da capital e famosa pelas suas praias de areia branca e pelas ilhas que ornamentam o horizonte para lá da linha da costa. 4 horas depois, muito karaoke e um péssimo filme de 5ª categoria americano com uma dobragem de 10ª categoria para Cambojano, lá cheguei ao meu ponto de destino. Primeira tarefa, o retorno à busca pelos calções de banho.

Dirigi-me então a um grande mercado adjacente à rodoviária local e onde era exibido um grande placard que dizia "International Trade Center". Reparei que tinha um pouco de tudo incluíndo todo o tipo de brinquedos para a praia e várias pequenas lojas de roupa. Devo conseguir aqui, pensei... Visito uma, duas, três e o desânimo começa-se a apoderar de mim. Dou de caras com a realidade local e começo a ficar preocupado.
No Camboja a noção de calções de banho está associada a dois estilos, o primeiro consegue ter uma forma aceitável mas apresenta uns padrões de péssimo gosto, ora repletos de gigantescas flores, ora com bonecada bem ao estilo Pokemon, ambos com cores fluorescentes e bem ao estilo Asiático. Para fugir a estes modelos, resta a segunda hipótese, herdada talvez da Austrália, país de origem da grande maioria dos turistas, que são uns calções compridíssimos e com figuras algo carnavalescas alusivas ao surf. Não é que não tivessem a sua piada, mas já não tenho 15 anos e preferia algo diferente. No entanto, não havia outra escolha... Venham eles...

A minha opção para o alojamento recaíu sobre um resort na melhor das praias da zona, o Sokha Beach Resort. Precisava de algum descanso e conforto para o fim-de-semana e esta foi sem dúvida a melhor opção.

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O hotel dispunha de um grande conjunto de infra-estruturas e uma vasta oferta turística que infelizmente não deu para aproveitar ao máximo dada a curta estadia.

A praia era quase exclusiva do hotel e era sem dúvida uma das melhores. Neste primeiro dia, muito descanso após a viagem (a apreciar a vista em baixo), uma bela soneca e o assistir a um fabuloso por-do-sol.

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O segundo dia foi dedicado a um passeio pelas ilhas de Sianoukville. A partida foi feita a partir da praia de Occheuteal numa pequena e rudimentar embarcação, que apesar de parecer cheia, por várias vezes que conseguiu levar mais alguns turistas. Um jeitinho aqui, outro ali e lá nos acomodámos e preparámos para a partida.

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A pequena embarcação lá rumou em direcção ao aglomerado de ilhas a Sudeste no seu ritmo lento e constante. O motor, algo ruidoso, a funcionar quase ao "ralenti" e numa melodia quase monótona, não era no entanto sufuciente para quebrar o fascínio da viagem, a beleza daquele mar e a agradável sensação da fresca brisa marítima da manhã a trespassar pelo nosso corpo. O local ideal, a temperatura ideal e um ambiente ideal! Um pequeno paraíso, e eu ali...

As ilhas eram entre si bastante semelhantes, umas maiores, outra mais pequenas, todas se assemelhavam a uma grande mancha verde plantada no meio do aceano. Parecia que alguém tinha arrancado um pedaço de floresta densa e tropical e largado ali, o bloco no meio do oceano.

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De repente, e no meio do oceano, eis que o motor começa a falhar, em seguida pára por completo. Alguma expectativa, mas a cara do condutor não engana... Tudo controlado e supreende-nos com um garrafão de gasolina que tinha escondido em baixo. Foi apenas falta de combustível e está aqui mais para reabastecer.

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A primeira paragem, junto a uma destas pequeníssimas ilhas serviu para um pequeno e relaxante mergulho e a possibilidade de se fazer algum snorkling junto do coral perto das margens. Sempre previnidos, disponibilizaram o equipamento para o snorkling aos turistas pelo que sempre tive hipótese de contemplar as belezas sub-aquáticas. Infelizmente, a ondulação sentida nos dias anteriores retirou grande parte da transparência das águas e não foi possível observar o coral nas melhores condições.

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A paragem seguinte foi na "Bamboo Island", a maior das ilhas deste grupo e ponto de destino desta nossa viagem. Chegámos cedo e ainda tive algum tempo para explorar a ilha antes que nos servissem o almoço em plena praia. A ilha é de facto muito bonita e bastante agradável. Um local calmo, longe das confusões, do turismo de massas e da agitação das praias que conhecemos. Um recanto natural, ainda preservado e de grande harmonia.

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A única infra-estrutura existente são os pequenos bungalows destinados sobretudo aos mochileiros e amantes deste tipo de natureza.

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Ainda fiz uma pequena tentativa para penetrar na densa e verdejante floresta da ilha. Após algumas centenas de metros desisti, pois o pequeno trilho que tomei depressa se desfez no emaranhado de plantas, árvores e arbustos. O calor aqui também era bastante mais intenso e a humidade muito superior e os insectos também começavam a não me largar.

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Regresso à praia e ao almoço. Mais algum tempo para disfrutar e o preparar para o regresso.

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O regresso foi feito ao mesmo ritmo, lento e constante. Ainda uma paragem numa outra ilha para mais um mergulho e uma dose de snorkling. A água apresentava-se em melhores condições, mas ainda assim a transparência não era a melhor. Fiquei admirado com a quantidade de coral existente naquelas pequenas ilhas. Ainda que não tão bonito e colorido como outros que já observei, a quantidade é de facto muito superior e numa densidade bastante mais elevada. Parece que aqui ainda não chegaram os El Niños e Niñas ou as desculpas associadas...

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À chegada à praia de Occheuteal tudo mudou. A praia estava repleta de locais que aproveitaram o Domingo para aqui se virem divertir. Inúmeros barcos a motor roncavam e partilhavam o espaço com os banhistas, nas suas peripécias a alta velocidade. Várias motas de água faziam tangentes e utilizavam as pessoas como pinos para as manobras. Centenas e centenas de banhistas enchiam as águas de uma energia sem igual e lá se iam deliciando e aproveitando ao máximo nos seus pequenos jogos aquáticos. No areal, são muitos os vendedores ambulantes de vários tipos de comidas típicas que vão a pouco e pouco deliciando todos os que por ali se encontram para estes encontros de convívio e estes pique-niques tradicionais.

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Como sempre acontece, o dia da partida é sempre o dia onde as condições meteorológicas são as melhores. Comigo é tradição! Um dia lindo, solarengo e um mar azul, calminho e apetecível. Resta-me ainda algum tempo, e vou explorar a baía de Sokha Beach, de um extremo ao outro.

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A temperatura da água do mar? Não sei ao certo, mas nunca inferior a 30ºC...

Apanho uma motoreta, e lá vou eu com destino à rodoviária de Sihanoukville, em pleno centro da cidade. A estação rodoviária não é mais que um espaço em campo aberto onde se amontoam os autocarros das várias companhias, pequenos pontos de venda de bilhetes e um infindável número de tuk-tuks e motoretas.

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Ainda antes de entrar no autocarro, reparei numa senhora de idade que também se encontrava à espera e que muito se ia movimentando entre os diversos pontos de venda de bebidas, a pequena zona de espera e as bilheteiras, sempre muito faladora e amável para todos. Coincidência ou talvez não, ao entrar no autocarro constatei que a senhora estava sentada no lugar ao lado do meu, e que seria a minha companheira de viagem.
Era uma senhora lindíssima, australiana, professora e missionária, que se encontra no Camboja há alguns anos onde já fez vários tipos de missões humanitárias. Uma senhora com uma presença e uma aura fantásticas e uma história de vida muito bonita, com passagens desde o Kenya, o Uganda, até este país Asiático. Dedicou a vida inteira a ajudar ou outros, a ensinar e a educar. Alguém que deu muito ao mundo, de muito valor e a quem o mundo vai ficar muito a dever...
Continua a ajudar, apesar da idade que se aproxima dos 70, e sente que é esse o seu dever e o seu objectivo. Lecciona inglês, mas sabe que tem de ir muito para além do ensino da língua universal. A grandmother Mary, como gosta que a tratem, sente que tem obrigações noutras áreas e vai ensinando muito desde cidadania aos conceitos de higiene, que neste países são ignorados. Fá-lo porque quer ajudar e porque se sente feliz e realizada em dar este contributo. Tem saudades do seu país e da sua família mas corajosamente vai seguindo o seu caminho, a sua felicidade e os seus objectivos.
Claro está que foi uma viagem muito agradável. Senti-me lisonjeado por poder estar com alguem assim, por poder partilhar experiências e aventuras com alguém tão vivido, com tanto para dizer, com tão bons conselhos para dar. As 4 horas da viagem passaram sem eu dar por nada. Senti-me bem, a senhora também e no fim agradeceu a companhia e a conversa. Confessou que também tinha recuperado energias e que tinha voltado à forma. Não é todos os dias que se encontram pessoas assim... Eu tive o meu dia!
Por muito bom que tenha sido o meu fim-de-semana, este viagem vai ficar eternamente marcada por estes momentos que passei com a Grandmother Mary. No final ficou aquele abraço e a despedida. Um dia quem sabe... É assim a vida de viajante, as pessoas vêm e vão, como os locais que se vão visitando sem que se criem grandes ligações. Mas é essa a magia, que com um pouco de tudo nos vai fazendo assim!

Resta-me agradecer também à Grandmother Mary... Um Muito Obrigado por ter tornado esta viagem tão especial!

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